As mudanças nos modelos de trabalho vêm gerando uma insegurança nas lideranças nada saudável para o ambiente de trabalho. Apesar dos funcionários se considerarem produtivos, muitos gestores acham difícil acreditar que, longe de seus olhos, as equipes estejam mesmo trabalhando o suficiente.
Uma pesquisa realizada em 2022 pela Microsoft avaliou os comportamentos de trabalho de 20.006 líderes e liderados em 11 países, incluindo o Brasil e, segundo o estudo, 85% dos gestores não confiam que, no modelo remoto ou híbrido, seus colaboradores rendam como deveriam – embora 87% desses últimos digam que atuam muito bem nesse modelo. Em se tratando apenas do Brasil, esses números sobem um pouco, o número de líderes que desconfiam da produtividade à distância chega a 88%.
O termo paranoia de produtividade, fruto do resultado da pesquisa, viralizou e já são 86 mil menções a “productivity paranoia” em buscas no Google, com análises e mais análises sobre o tema. A expressão entrou na lista de 23 conceitos do “vocabulário vital” de 2023, segundo a publicação The Economist.
Acredita-se que essa paranoia coletiva esteja, na verdade, mascarando falhas e falta de vontade de redesenhar as formas de medir produtividade. A maioria da alta liderança não deseja o trabalho à distância e aceita o híbrido a contragosto, acredita mesmo é no presencial, no corpo a corpo, no olho, pois assim consegue controlar de perto o que as equipes estão produzindo.
Embora seja importante para as empresas acompanhar a produtividade de seus funcionários, isso não deve ser feito de maneira obsessiva ou exagerada. Quando os gestores se concentram exclusivamente na produtividade, eles podem criar um ambiente de trabalho tóxico que leva a estresse, ansiedade e até mesmo burnout entre os funcionários.
Além disso, é importante ter ciência que a produtividade não é uma medida direta da qualidade do trabalho ou do valor de um funcionário para a empresa. Esse novo modelo de trabalho precisa de aderência e confiança das lideranças nos seus liderados. É necessário lidar melhor com a rotina remota, que requer constante adaptação e flexibilidade. O caminho é repensar a arcaica régua “tempo à disposição da empresa” e medir produção e resultados de maneira mais inteligente.
Pesquisas mostram que a produtividade e a boa performance se mantêm, mesmo que os líderes não estejam observando seus funcionários. É possível e imprescindível confiar nas pessoas. O maior desafio é moldar a cultura da companhia e fomentar o pertencimento, que são grandes responsáveis por reter funcionários por motivos que vão muito além de apenas um bom salário.
A pesquisa aponta ainda três mudanças urgentes que devem ser realizadas para ajudar os gestores a encarar o futuro do trabalho. A primeira delas é cessar com essa paranoia de produtividade, tendo foco, clareza e alinhamento em torno dos objetivos da empresa. A segunda é incentivar que as pessoas apoiem umas às outras, reconstruindo os laços entre as equipes e otimizando a comunicação digital para manter as pessoas conectadas dentro e fora do escritório. Por último, é crucial desenvolver as habilidades do colaborador, fomentando o aprendizado e desenvolvimento de habilidades.
Fontes: Época Negócios, Microsoft, Você RH