As ações afirmativas são políticas públicas que visam corrigir desigualdades históricas e estruturais de grupos sociais marginalizados e discriminados. Essas políticas são implementadas em diversos setores e vão desde o acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho.
No setor econômico, um dos maiores desafios é criar um ambiente de fato diverso, onde esses grupos –
discriminados em função da cor, raça, etnia, origem, gênero, deficiências, idade, crença, orientação afetivo-sexual, identidade de gênero, dentre outros marcadores identitários – participem da gestão estratégica e cultura organizacional, possibilitando assim novas relações com a sociedade.
Uma solução viável para uma mudança de cenário é o investimento robusto em políticas de ações afirmativas buscando garantir igualdade de oportunidades e tratamento, questão crucial para o processo de desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
O que as empresas ganham com isso?
Instituições públicas e privadas vêm adotando, ainda que a passos lentos, políticas de ações afirmativas. E os benefícios desse investimento em times heterogêneos faz com que elas tenham a oportunidade de diversificar seus talentos, abrigando profissionais com perspectivas únicas e complementares às tradicionais.
Equipes heterogêneas são mais eficazes em tarefas intelectuais; possuem uma magnitude de alternativas e soluções para problemas e novos negócios; têm maior criatividade nas tomadas de decisões e na riqueza em melhorias constantes de processos. Por terem características diferentes, os membros de uma equipe heterogênea possuem uma régua de desenvolvimento maior, uma vez que, trocando experiências e vivências com pessoas diferentes deles, conseguem cada vez mais aumentar seu repertório de comportamentos e habilidades.
Além disso, ajudam a reduzir as desigualdades sociais e protagonizam uma verdadeira e duradoura mudança de inclusão social.
Algumas empresas enfrentam resistência por parte de colaboradores que acreditam que essas políticas ferem o princípio da meritocracia. No entanto, é importante lembrar que as políticas afirmativas não visam dar privilégios a grupos sociais específicos, mas sim corrigir desigualdades e promover a inclusão social.
Movimento de mudança
Ações dos poderes público e privado e da sociedade civil vêm ganhando corpo e espaço e são parte do início de uma mudança necessária de paradigmas, no que diz respeito a igualdade social.
O Pacto de Promoção da Equidade Racial, por exemplo, é uma iniciativa que tem o objetivo de implementar um novo Protocolo ESG* Racial no país. A proposta é incentivar ações afirmativas e a realização de investimentos sociais voltados à melhoria da qualidade da educação pública e à formação de profissionais negros, colocando a questão racial no centro do debate econômico e atraindo a atenção de grandes empresas e agentes da sociedade civil.
Recentemente, entrou em vigor a Lei 14.457/22 que chegou com transformações importantes para as empresas com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Ela representa um avanço na garantia de direitos trabalhistas, principalmente para as mães. A nova lei instituiu o programa Emprega + Mulheres e alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com a adoção de medidas que envolvem o incentivo à contratação e manutenção das mulheres no mercado de trabalho.
Outro fato é o aumento da divulgação de vagas de ações afirmativas, uma das provas mais claras de que mudanças estão ocorrendo nesse cenário. Um levantamento feito pelo Vagas.com entre 2020 e 2021 mostra um aumento de 56% das vagas afirmativas.
O próprio Linkedin, maior rede social profissional do mundo, agora permite a inclusão de vagas afirmativas. Isso, após bloquear um anúncio de uma vaga que priorizava a contratação de negros e indígenas e receber uma enxurrada de mensagens de empresas de RH contra essa medida.
As vagas afirmativas encurtam o caminho rumo à equidade social. Elas promovem a contratação intencional e, ao mesmo tempo, fazem a inclusão na prática.
Ações de caráter afirmativo fazem com que os caminhos percorridos por indivíduos de determinados grupos sejam frutos de sua escolha, e não de suas circunstâncias. Elas abarcam a promoção dos direitos civis, a emancipação material, a valorização de patrimônio cultural e buscam, como uma reparação histórica, mitigar a discriminação de qualquer natureza.
*A sigla ESG, que em inglês que significa Environmental, Social and Governance, corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global, iniciativa mundial que envolve a ONU e várias entidades internacionais, em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.
Fontes: Pacto pela Equidade, Forbes, Mundo Educação, Mundo RH, Feedz