No mês das mulheres não poderíamos deixar de falar de suas lutas e conquistas. E em um ano tão complicado por conta da COVID-19, um novo desafio se impôs a esse grupo, tanto no âmbito profissional, quanto na área da saúde e bem-estar.
Mercado de trabalho
Não é novidade mencionar que quando se trata de mercado de trabalho, o número de mulheres atuantes, comparado aos homens, é bem menor. No entanto, no que tange aos efeitos da pandemia, esse grupo foi desproporcionalmente afetado.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituo de Economia Aplicada), o percentual de mulheres que estavam trabalhando ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020. Mas por quê?
Vários são os motivos que agravaram a situação das mulheres quando se trata de mercado de trabalho. O primeiro, é que a maior parte das mulheres estão inseridas em ocupações que foram paralisadas nesse período, como trabalho informal, doméstico, comércio e serviços.
Outra causa apontada para a queda da participação de mulheres no mercado de trabalho foi o aumento exponencial das responsabilidades domésticas.
Um relatório feito pelo Sempreviva Organização Feminista (SOF), mostrou que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia. Já a necessidade de monitoramento e companhia, no caso de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, aumentou para 72% das mulheres.
O fechamento das creches e escolas também agravou a situação para as mães. Com os filhos em casa, elas foram obrigadas a adotar multifunções: além do papel da maternidade, acabaram virando professoras, donas de casa e profissionais, o que para muitas, tornou-se uma situação insustentável.
Como isso pode se refletir na atividade profissional, e o que as organizações podem fazer a respeito?
A desigualdade de gênero no ambiente profissional não é uma novidade, e precede em muito a pandemia; no entanto, algumas atitudes podem ser tomadas para equilibrar essa equação e o contexto atual deve ser considerado para que essa desigualdade não se acentue:
– Promover um trabalho remoto mais focado na qualidade da entrega, e menos atrelado ao modelo tradicional de compromissos com hora marcada e atividades síncronas, levando em conta, de maneira holística, o papel multifuncional que a mulher passa a adotar nesse modelo;
– Incentivar e abrir espaço igualitário na cultura organizacional para que as mulheres cheguem ao topo. Hoje apenas 26% das posições de diretoria são ocupadas por mulheres, e cargos de presidência apresentam somente 13% de mulheres em sua ocupação; Nesse aspecto, as mulheres ainda enfrentam uma série de barreiras “invisíveis” que encontram na cultura empresarial vigente obstáculos nem sempre declarados à ascensão na carreira.
– Tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo com espaço para mães deixarem seus filhos, por exemplo;
– Igualar o tempo de licença- maternidade e paternidade, para que a obrigação com filho seja meio a meio, e não se recaia mais sobre as mulheres;
Saúde e bem-estar
Observa-se índices de depressão, ansiedade e estresse muito acima da média para as mulheres, especialmente se comparados aos índices para homens no mesmo período, conforme evidenciam as pesquisas. Tais índices reforçam a hipótese da sobrecarga emocional suportada pelas mulheres durante a pandemia de COVID-19.
A pesquisa “Women’s Forum”, realizada pela Ipsos, com entrevistados dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), mostrou que entre as mulheres, 59% disseram estar com ansiedade, depressão e/ou esgotamento. Já entre os homens, foram 46%. Além disso, 73% das entrevistadas afirmaram ter medo do futuro.
Ainda de acordo com essa pesquisa, 43% das mulheres disseram que perderam a confiança em si, contra 33% dos homens. Isso porque sua rotina foi totalmente alterada e houve uma redução considerável do tempo para cuidar de si mesma e da sua saúde.
Cuidados
Ao notar sinais de depressão ou ansiedade é importante procurar ajuda médica. Além disso, manter contato com pessoas mais próximas, mesmo que seja por telefone ou videochamada, já reduz a carga de estresse e alivia os sintomas depressivos.
Atividades como a prática de exercícios, leitura de livros, dança e yoga, entre outras, ajudam e muito na manutenção da saúde física e mental. São recomendados ao menos 30 minutos diários dessas atividades.
A pandemia expôs problemas já conhecidos, e mesmo que não haja soluções rápidas e fáceis para algo tão complexo, é sempre importante abrir diálogo para discutir sobre assuntos que importam e fazem diferença na sociedade.
E você? O que pensa sobre o assunto? Deixe sua opinião aqui nos comentários.